terça-feira, 4 de novembro de 2008

Porto Alegre com medo: a culpa é de quem?

Por Fernanda CardosoGabriel ArévaloLuciana Rey


Pelas ruas da cidade o que mais se vê são pessoas andando a passos rápidos, segurando suas bolsas com força para evitar que alguém as puxe. Para o Delegado e diretor do Departamento de Polícia Metropolitana da Policia Civil, Cléber Moura Ferreira, porém, a situação da segurança pública em Porto Alegre está controlada. Ele admite que ainda há muito o que fazer. Segundo Ferreira, o principal problema da Polícia Civil é a falta de novas contratações. "A polícia envelheceu. Os policiais de 20, 30 anos passados ainda continuam trabalhando e poucos ingressaram na carreira"

.Por que a situação chegou a esse ponto?

Segundo a professora da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da PUCRS e mestre em antropologia social Gilse Elisa Rodrigues, "a violência sempre existiu. A agressividade é parte do ser humano. A cidade cresceu, as pessoas vieram do interior para trabalhar na cidade. Eram pessoas que só estavam acostumadas a lidar na roça. Não havia trabalho para todos, deixando uma parte da população ociosa" esclarece a professora. Juntando com as pessoas que já moravam na cidade e não tinham ocupação, a alternativa era recorrer a roubos para suprir as necessidades básicas dessas pessoas. É um procedimento comum também que a população se segmente criando espaços para os mais ricos que excluem os mais pobres. Como grande parte da população brasileira é mais pobre, sentir-se inseguro nas grandes metrópoles do país é algo que já se tornou comum. "Essa sensação de falta de segurança generalizada é causada por que essas pessoas estão à margem da sociedade e são enxergadas como perigosas a todo o momento" frisa.


Os mais atingidos por essa situação de exclusão são os jovens pobres, que sem perspectivas de futuro acabam se envolvendo com drogas. Para alimentar o vício os jovens cometem pequenos crimes. Segundo informações da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Segurança Urbana de Porto Alegre, a maior parte dos comportamentos anti-sociais e infracionais tanto de jovens adultos quanto de adolescentes escapam ao controle policial ou não são denunciados. Esse fato dificulta o trabalho da polícia que não consegue inibir o crime de forma adequada e nem investigá-lo. Outros dados da Secretaria informam que a prática de atos violentos como assalto à mão armada, lesões corporais e homicídios atinge seu pico entre os jovens de 17 à 24 anos que tem forte envolvimento com drogas, e que Porto Alegre foi apontada como grande centro consumidor de crack no Brasil pelo relatório mundial do Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crime de março de 2008.

Tem solução?

Em uma coisa, porém, tanto a Professora da PUCRS quanto o delegado concordam: somente com políticas sociais podemos resolver esses problemas."Enquanto não tivermos uma preocupação constante dos nossos governantes em atender as áreas de educação, saúde e cultura teremos sempre o problema da criminalidade. Nós temos pessoas ociosas, jovens ociosos na periferia, que não tem trabalho, que não tem entretenimento, que depois acabam no mundo do intorpecente, que depois para adquirir intorpecente tem que partir para os crimes contra o patrimônio e até contra a vida. Isso é uma círculo vicioso que enquanto não for atacado não adianta ter seis mil policiais bem pagos que o problema não será resolvido" constata o delegado Ferreira.

A culpa é de quem?

A culpa pode ser da polícia, que segundo o próprio Delegado Cléber Moura Ferreira, enfrenta há tempos uma disputa de funções entre Militar e Civil, dos políticos que não investem em políticas sociais ou do próprio cidadão que não cobra ações mais rígidas dos políticos. No entanto, para o Delegado Ferreira a questão é um pouco mais complicada: "Os políticos querem uma polícia mal preparada e mal paga, porque uma polícia bem preparada e bem paga vai colocá-los na cadeia. É só ver o que está acontecendo com a polícia federal. Enquanto estavam prendendo ladrão de galinha podia botar algemas, aparecer na imprensa, mas agora que se está pegando colarinho branco, já não pode mais. Aqueles que governam que querem uma polícia engessada, que eles possam comandar e fazer o que bem entender" afirma.






oie!

finalmente depois de muitos remendos,cortes.. Aqui está a matéria que sairá no jornal da PUC..


bejos :D



fernanda cardoso....

Um comentário:

Paula § Danna disse...

kkkk.. té que enfim...

e agora eu entendi o porquê da
matéria não ter saído mais cedo..

Vocês deixaram explicito que a culpa na verdade é do governo, que não quer bancar melhorias no sistema de segurança.. porq eles é que são os mais "perigosos"...

Adorei.. publica isso num jornal de circulação nacional e dá no que falar..

tô adorando acompanhá-las nessa caminhada rumo ao sucesso..

Grande beijos a todos!!