domingo, 12 de abril de 2009

Olá!!

As aulas voltaram e eu não queria simplesmente esquecer esse blog, então resolvi "retoma-lo" :D


Vou postar uma reportagem feita o ano passado na disciplina de Técnicas de Reportagem" ministrada pelo professor Juremir Machado (Adoooooooro!! (: ) Foi um dos primeiros contatos com a reportagem e depois de muita correria, coletar dados, fontes etc... Aí está a resultado!!Infelizmente não consegui colocar as fotos que estavam na reportagem =//



Beiijos #)'




Uma fundação para estancar a dor

“-Não corre, não corre que é pior. É melhor esperar aqui!”
Palavras ditas um pouco antes de Igor ser atingido por uma bala perdida na nuca


Carolina Tubino, Fernanda Cardoso, Gabriel Arévalo, Renata Araújo





Igor Carneiro, estudante de direito da PUCRS e estagiário em um escritório de advocacia, foi morto em uma festa com bebida liberada realizada na sede da Associação dos Funcionários do Inter (Asfinter) onde já havia freqüentado algumas vezes com ex-colegas do colégio Farroupilha e da faculdade. Relatos de pessoas que estavam no local mostram que desde a entrada já havia confusão e aglomerações. Às três e meia da manhã, quando terminaram as bebidas, começaram os tumultos. Por volta das 4h30 alguns participantes que se envolveram em brigas foram expulsos das dependências da associação para evitar problemas. Alguns minutos depois retornaram armados e atirando. Marcelo Garcia Cardoso, 33 anos, também foi atingido por bala perdida e mandado para o Hospital de Pronto Socorro, sendo medicado e liberado sem maiores complicações.
Após a morte de Igor, família e amigos resolveram se mobilizar. FICAR (de Fundação Igor Carneiro) é o nome do movimento que pretende realizar um trabalho de esclarecimento aos jovens e suas famílias quanto à qualidade dos eventos de que participam e exigir o cumprimento das leis, no que diz respeito à segurança e venda de bebidas nas festas. Entre os membros do movimento estão amigos e ex-colegas de Igor, jovens adolescentes e seus pais, universitários e pessoas dos mais diversos ramos de atuação profissional. Recém criado, o FICAR já recebe apoio de movimentos populares bem conceituados na sociedade como o “Vida Urgente”, o “Chega de violência” e o “Onde estão nossos filhos?”
Membros da FICAR antes do programa na TVCOM. Foto Marcos Daudt Um dos principais objetivos é atuar na fiscalização de festas. Segundo Marcos Daudt, coordenador do FICAR, o que é mais gritante é a total falta de fiscalização por parte dos órgãos públicos nas festas abertas, com cobrança de ingressos ou não. Outro ponto interessante, segundo Daudt é que as leis a respeito da promoção de eventos mudam a cada cidade: “Estamos realizando um levantando das leis municipais para falar com maior propriedade. Com a chegada do verão estas festas se transferem para outras cidades e suas leis são diferentes ou inexistentes. A idoneidade de muitas produtoras piratas também é outro problema que deve ser analisado” esclarece.
O grupo está se organizando em núcleos para promover a conscientização dos jovens sobre a segurança nas festas. Um dos núcleos já realizou 4 palestras no colégio Anchieta, em Porto Alegre, além de participar do programa Camarote TVCOM na feira do livro. Mariana Feia Ramos da Rocha, 16 anos, idealizadora das palestras no colégio Anchieta esclarece: “Era um projeto da aula de religião, onde deveríamos levar palestrantes para falar a respeito de ONGs. Resolvi levar a FICAR já que o sentimento de mudança já existia a fundação pode conduzir à uma direção diferente”.
Os membros da FICAR estão agilizando o processo de registro jurídico. A instituição deve ser caracterizada inicialmente como uma associação: “iniciaremos dessa maneira porque uma fundação, burocraticamente, atrasaria muito o início das ações. A fundação existirá em um segundo momento”, afirma o coordenador.
Em carta à governadora, o movimento justifica sua criação no fato de que a falta de segurança nas festas não é um problema só de Porto Alegre e todos precisam lutar juntos. Daudt ainda completa: “Existe um projeto de lei no congresso, por parte de um deputado goiano contra as festas com bebidas liberadas. O que demonstra ser um problema de nível nacional”.
Imprudência na organização?

Por Fernanda Cardoso
Para a organização de festas, os produtores devem esquematizar a quantia de ingressos vendidos e o número de pessoas compatível com a área do local. Na “Festa La Bombonera”, que Igor participou, os organizadores mostraram preocupação apenas com a divulgação e com o lucro. Além da morte do estudante, roubos e brigas ocorreram durante a noite e, segundo testemunhas, a confusão começou com a falta de bebida no bar.
Na comunidade da ASFINTER, no site de relacionamentos Orkut, há vários tópicos referentes aos problemas da festa, reclamações da Fiel Produções (organizadora do evento) e condições deploráveis do local. Em um dos comentários o estudante de direito da ULBRA, Gabriel Lobato, 21 anos, ressalta: “o que estava escrito no flyer era mentira. Já eram duas da manhã e não havia mais bebida, sendo assim, uma oportunidade para começarem as brigas”.
Houve quem defendesse a produtora dizendo que os tiros vieram da rua e que qualquer um poderia ter atirado, já que a festa era perto de vilas e não possuía muita segurança. Na maioria das festas de faculdade os ingressos são vendidos apenas aos estudantes, mas segundo representante do Centro Acadêmico da faculdade de direito da PUCRS, essa festa não foi aprovada e os ingressos teriam sido vendidos por cambistas na rua, o que comprova a superlotação do local além de não poder usar o nome da faculdade.

Como fica a divulgação das festas com bebida liberada?

Por Gabriel Arévalo
É fácil encontrar panfletos e cadastros em catálogos virtuais que divulgam festas com álcool livre sem a especificação que é proibida a venda para menores de dezoito anos, como especifica a legislação.
Thiago Costa é sócio do site “Pilhou?” (www.pilhou.com.br), que realiza divulgação de festas universitárias. A maioria dos eventos com “bebida liberada” cadastrados no catálogo do site não possuem a descrição de que só podem entrar ou adquirir bebida alcoólica maiores de idade. “Nós não organizamos festas, somente as divulgamos e cadastramos no site as informações que nos passam. Em quase todos os casos de festas os produtores colocam no material de divulgação que é proibida e entrada de menores de 18 anos. A fiscalização deveria ser feita na entrada da festa. Nas nem sempre essa fiscalização acontece, digo isso tendo por base as festas que fui. Somente as grandes festas e eventos fazem essa fiscalização”, argumenta Thiago.
Questionado sobre sentir-se responsável por situações em que o menor de idade entra no local por não ter tido a orientação de que não poderia entrar expressa na divulgação, Thiago acredita que pode se considerar indiretamente responsável, mas é o mesmo que culpar um jornal que publica o anúncio de uma casa com uma ótima vista e ela não existe. A culpa, segundo ele é do proprietário e não do jornal. “O que acontece é que alguns organizadores de festa não colocam o aviso por acharem que é meio óbvio, ainda mais quando a festa é em alguma casa noturna mais conhecida. Mas sim, alguns não colocam esta frase no descritivo da festa para que o menor compre o ingresso antecipado e na hora fazem vista grossa. Não vou mentir dizendo que isso não acontece, já vi isso acontecer em festa na Asfinter e IBGE”.
Porém para Thiago, sobre o incidente, o problema não foi a festa com bebida liberada, que sempre ocorreram em faculdades, mas a falta de organização por parte dos produtores. “Agora todo mundo culpa essas festas, ou as festas de faculdade, e não a péssima organização” completa.


A culpa não é dos seguranças

Por Carolina Tubino

A parte mais importante na hora de organizar a festa é garantir que os convidados sintam-se protegidos. Geralmente, os seguranças fazem revista em todas as pessoas para evitar que drogas, armas e até mesmo objetos que possam ser utilizados como armas adentrem o local da festa. Na opinião do segurança do Cult Bar, Mário dos Santos Bica, 42 anos, faltou qualificação para os profissionais cuidarem da festa na Asfinter: “Acredito que colocaram alguém sem experiência para trabalhar, somente para dizer que tinha segurança no local.”
De acordo com a lei federal 7.102, a profissão de vigilante exige os seguintes critérios:
-aprovação em um curso de formação de vigilante, realizado em estabelecimento com funcionamento autorizado;
-ter sido aprovado em exame de saúde física, mental e psicotécnico;
-estar quite com as obrigações eleitorais e militares;
-possuir registro na Delegacia Regional do Trabalho do Ministério do Trabalho, que se fará após a apresentação de documentos comprobatórios(...)
Bica ainda revela que quando a pessoa carrega legalmente uma arma a casa noturna deve ter um cofre com chave, mas que os donos não fazem este investimento. Em quase 20 anos de carreira, encontrou de tudo enquanto revistava o público, desde as drogas mais pesadas como o ecstasy até canivetes, sendo estes últimos levados como forma de auto-proteção.
Para Lúcio André Lima, 40 anos, vigilante da feira do livro deste ano, o que ocorreu em ‘La Bombonera’, foi falta de organização: “Não adianta descontar nos seguranças se o local estava superlotado. Se sabiam que teria 3 mil pessoas ao invés da metade, porque não contrataram mais gente ou controlaram a capacidade? Foi falta de organização por parte da produtora”, afirma.
Mesmo com uma boa infra-estrutura, preparação e testes para ocupar um lugar como segurança, é preciso experiência, como explica o segurança Luiz Carlos Vicente, 38 anos: “Quantidade não é qualidade. Ser vigilante não é para qualquer um! Carregamos armas e temos uma enorme responsabilidade em mãos para cuidar das festas. É preciso ter jogo de cintura, ter trabalhado e vivenciado de tudo”.


Os menores bebem, sim!

Por Renata Araújo

Atualmente, o consumo de bebidas alcoólicas está aumentando consideravelmente. O local onde a consumação é maior é em festas. No entanto, há variações quando se considera o local. Uma parte dos menores bebe em casa, e ainda há os bares que recebem um público pouco maior de 16 anos. As bebidas, juntamente com o tabaco, são os produtos que mais levam seus usuários à morte no mundo, pois são drogas psicotrópicas que atuam sobre o cérebro, principal órgão do sistema Nervoso Central. Os principais motivos que conduzem o jovem ao consumo são: a aceitação social, a falta de conscientização, e o desconhecimento dos efeitos de ingerir álcool de forma inadequada.
Para retardar essas conseqüências, há uma lei que proíbe a venda de bebida para menores de 18 anos. Mas, nos estabelecimentos de venda, não se procede dessa maneira. Em raros lugares segue-se a norma, que possibilita o acesso aos menores de idade. A negligência ou até mesmo a omissão da fiscalização é que geram essa facilidade de venda aos menores. Grande maioria dos jovens consumidores de álcool bebe mais de uma vez por semana, o que pode causar problemas de vício.
A falta de maturidade já é uma grande complicação. Quando os adolescentes são atingidos pelo efeito da bebida, ficam muito imprudentes e isso e resulta em desastres e fatalidades envolvendo pessoas inocentes. O ideal seria que a lei fosse rigorosamente seguida, para que o futuro da população não esteja comprometido pela imaturidade das crianças de hoje e pela falta de responsabilidade e competência dos vendedores de tais produtos.

E a situação continua...

Por Carolina Tubino e Renata Araújo

Enquanto se tenta achar culpados para o incidente na Asfinter, a venda de bebidas para menores de dezoito anos em festas continua. Em uma festa realizada na cidade de Guaíba, região metropolitana de Porto Alegre, o organizador Anderson Glayton, 20 anos, disse que com o tumulto, não tinha condições de pedir identidade a todas as pessoas, portanto, era impossível controlar por completo a situação.
Quando perguntado sobre o porquê de não cobrarem o documento na hora da venda, ele respondeu: “A festa não é feita para maiores de idade, é aberta ao público. A fiscalização era feita regularmente na copa, onde eventualmente eram solicitadas comprovações da idade dos consumidores”.
Com relação à proibição da venda a menores, ele explica que o problema não acaba por definitivo: “O menores de idade podem ter acesso às bebidas por outros meios, seja por amigos ou até mesmo os pais que influenciam o comportamento do filho, mas em nenhum momento os impossibilitariam de consumir, o que ainda é o grande problema”.